Ler e escrever? O leão nunca precisou disso, afinal, rugir sempre foi suficiente para ter o que queria! Até que se apaixona por uma leoa leitora. De fino trato, precisava receber cartas de amor, afinal, “Uma leoa que lê é uma dama”, conclui o felino. E quando não se sabe escrever, um escriba se torna fundamental... O problema é achar um que consiga captar toda a sensibilidade que o leão exala...
Ao longo da história ele pede que alguns animais escrevam a carta para ele, mas cada bicho escreve de acordo com seus interesses e gostos:
“Querida amiga, quer subir nas árvores comigo? Também tenho bananas para lhe oferecer. São deliciosas! Saudações, Leão.”
O leão fica indignado com todas as cartas escritas pelos animais. “Eu jamais escreveria uma coisa dessas!” O leão desanda a falar o que realmente escreveria e a leoa ouve... A história termina com a leoa ensinando o leão a ler e escrever.
A HISTÓRIA DO LEÃO QUE NÃO SABIA ESCREVER
Livro escrito e ilustrado
por Martin Bailtscheit, editado pela Martins Fontes. Foi um grande sucesso em
minha turma do primeiro ano. Assim como o leão, todas as crianças estão
encontrando desafios para ler e escrever. E ter desafios é importante para motivar
qualquer aprendiz, principalmente quando o desafio é real, como escrever para
os amigos da escola, para os familiares, para outras pessoas. Essa é uma temática que será explorada em
2014: ter motivos reais para escrever. Depois da leitura do livro, conversamos
sobre o assunto na roda. Foi uma conversa tão gostosa que resolvi compartilhar
com vocês.
Ana: Pra quê escrevemos?
Pedro: Pra escrever carta, poesia e outras coisas...
Francisco: Dá pra gente escrever um livro e dar pra outra pessoa ler.
Emanuel: Uma lista.
Gabriel: Nós podemos escrever no livro na escola. Se não escrever vai ter que desenhar e a pessoa não vai entender, tem que ter coisa escrita.
Gabriel quis dizer que a escrita é importante, pois alguém que não saiba fazê-lo, poderia utilizar o artifício do desenho, porém não é um instrumento preciso, podendo haver dificuldades na interpretação.
Ana: É verdade! Vamos imaginar que eu queira pedir para a minha empregada cozinhar cenoura para o jantar. Como eu faço?
Pedro: pode escrever uma carta e coloca no correio.
Ana: Ué, mas vai chegar no mesmo dia? Pra onde vai a carta?
Maria: Pra casa dela!
Ana: Mas ela não trabalha na minha casa?
Francisco: Deixa no móvel que ela vai achar e vai fazer.
Ana: O que eu preciso dizer?
Francisco: Por favor, faça cenoura pro jantar.
Melissa completa: Obrigada, Ana
Ana: E como é que chama essa escrita?
Pedro: É carta.
Ana:Todos concordam?
Todos: Sim!!!!
E se eu não soubesse escrever? Eu poderia desenhar assim...
Fiz o desenho de uma cenoura beeeem mal feita, bem fina, com fiapos na ponta. Logo Gabriel disse... Ela vai achar que é uma vassoura! Que é pra varrer a casa! Se tiver escrito vai ser melhor para ela entender.
Ana: Estão vendo como saber escrever é muito importante pra comunicar?
Emanuel: Pra fazer lista, pra ler o que escreveu.
Pedro: Pra escrever carta, poesia...
Maria: Convite.
Já tinha desistido da história da carta para a empregada e ia pensar em outra ideia, mas Leonardo me deu a deixa perfeita!
Leonardo: Pode escrever bilhete.
Ana: Pra que serve o bilhete?
Gabriel: Pra avisar alguma coisa pra mãe. Por exemplo: O Leo fez bagunça na escola...Tem que mandar um bilhete avisando para a mãe dele!
Ana: Como seria o bilhete?
Gabriel: Mãe, o Leonardo fez bagunça na escola, Assinado, Professora.
Ana: Isso é carta ou bilhete?
Emanuel: É bilhete porque fala menos, carta fala mais!
Ana: Como assim?
Emanuel: Olha, bilhete é coisa pequena, fala pouca coisa e carta escreve muita coisa.
Ana: Ah, então o bilhete escreve uma mensagem curta, tem poucas palavras e a carta escreve muito?
Emanuel: Isso mesmo!
Ana: E se eu quiser dizer: Valéria, Por favor, cozinhe cenouras para o jantar. Obrigada. É muito ou pouco?
Todos: Pouco.
Ana: Então é carta ou bilhete?
Emanuel: É bilhete.
Ana: Mas vocês me disseram no início que era pra eu escrever uma carta e colocar no correio, lembram?
Emanuel: Não! Tem que escrever um bilhete! A carta escreve muito.
Francisco: E só coloca no correio quando a pessoa mora longe!
Outras atividades:
Desenho e letras embaralhadas |
Letras móveis- escrita dos nomes dos animais |
Avisei que íamos separar os animais que apareciam nas histórias Superamigos e Leão. Mas que teriam que adivinhar o nome do animal primeiro. Então, ia mostrando a primeira letra, ou a última e eles falavam de acordo com suas estratégias. Para os animais formiga, toupeira, pato, sapo, abutre, hipopótamo, macaco e girafa optei em mostrar a última letra para ser mais desafiador e ter que mostrar outras letras, pois a letra inicial desses animais não eram repetidas. Para caracol, castor, crocodilo, esquilo, escaravelho, leão e leoa, mostrei a primeira. Foi muito interessante quando mostrei a letra L. Todos começaram a gritar: Leão! Leão! Leão! Mostrei a segunda letra E. Não disse!!! Leão! É o leão! Antes de abrir a terceira letra, perguntei: Qual será a próxima letra? A com o til!! Mostrei e era a letra O. Todos ficaram desconcertados, mas Kethlen logo disse: Ah, é a leoa!
faltando letras |
desafios |
Poesia do escaravelho |
Maravilha de conversa com as crianças, Ana! Isso é a verdadeira educação, baseada na interação real, ainda que muito planejado.
ResponderExcluirMuito diferente de trocas verbais ensaiadas, previstas e previsíveis, nas quais as crianças só confirmam o que se espera delas no script já desenhado.
Uma delícia de modo de aproximação dos gêneros epistolares!
E, rizomaticamente, uma mente disponível e antenada e crianças criativas e interessadas vão levando a construção da aprendizagem por rumos ricos e singulares!
E nesse trabalho com cartas tem também tantos outros livros bacanas para explorar, né? Como Viviana rainha do pijama, A carta de Hugo, O Carteiro chegou e o Natal do Carteiro (que você mandou de presente pra mim e pro Joaquim!), e o delicioso Felpo Filpa, com muitos outros gêneros...enfim, vários livros desses...
Tantas possibilidades!
Amei muito!
Bjos,
Lica
Que coisa linda isso, Lica! Fiquei até emocionada ao ler. Muuuuuuito obrigada mesmo!
ResponderExcluirE foi lindo assim. Eu fui anotando enquanto acontecia.... correndo pra não perder nada. Achando tudo muito interessante. Conforme a conversa ia se processando eu quase não acreditava no que estava acontecendo de tão bacana. Fui dando corda, foi fluindo muito naturalmente e as crianças, sem medo de serem felizes, foram falando o que pensavam e foi muito bom. Nessa turma tem muitos Licos também. Rsrsrsrs
Quando a aula acabou eu corri para o computador com as minhas anotações pra poder escrever do jeito que foi, pois se deixasse para outro dia eu ia esquecer alguma coisa.
Felpo Filva e Viviana já estão no forno! Trabalhar com os gêneros me dá muito prazer e os livros nos proporciona isso com muita classe.
Que bom que gostou, Lica! Tenho trabalhado com muito empenho e muita vontade de acertar. Obrigada pelo seu incentivo.
Beijos,
Ana
Amei mesmo o post, Aninha!
ResponderExcluirAs crianças são fantásticas você bem sabe - basta deixarmos que elas falem, se coloquem verdadeiramente, que aprendam que a sala de aula é um lugar de interação e que sua fala será ouvida, terá valor naquela situação e caberá na tessitura da construção do conhecimento. Arremedos de interação povoam muitas práticas escolares, o caminho da riqueza da educação é a interação real dos sujeitos envolvidos no processo!
E vejo isso em seus relatos de prática!
Beijosssss,
Lica
Pois é, Lica! Às vezes, o que se procura está mais perto do que se imagina! A essência já está dentro da sala de aula: as crianças. É preciso que se permita voar. Tenho tentado saber menos e ouvir mais. Todo professor deveria pensar nisso, pois eu estou pensando sempre.
ResponderExcluirBeijos, querida!
Ana
Obrigadão Dona Ana e Dona Lica ! Vcs não tem idéia da ajuda quee stão dando às pessoas que estão, como eu, vivendo de perto processos dos filhos/as neste universo...e precisando enxergar caminhos legais e possíveis... sobretudo prazerosos... Adorei mesmo! Abraços e que vcs sigam assim, abertas a compartilhar os saberes e fazeres , mobilizando a vontade de aprendermos sempre! (Nãna Dias - não sei porque meu perfil aqui ainda aparece como "Mama Soul"..rsss..é um blog antigo! :)
ResponderExcluirObrigada, Nãna Dias,
ResponderExcluirA Lica me incentivou a criar um blog para compartilhar um pouquinho do que faço em minha sala de aula. Confesso que dá um frio na barriga, pois abrir sua janela para o mundo ver não é fácil. Faço coisas simples, muitas das quais tanta gente já fez, mas que dá certo. Coisas que vem na cabeça de repente, coisas que aprendo nos livros e assim vai. Aceito com muito gosto as sugestões e principalmente o carinho de pessoas como você. Conheci a Lica em 2011, pela internet. É uma pessoa maravilhosa, muito disponível e atenciosa. Aprendi muitas coisas lendo o blog dela e também conversando. E assim, como você disse muitíssimo bem: mobilizando a vontade de aprendermos sempre. Esse, certamente é o desejo que me move.
Beijos,
Ana
Amei este blog! Quero continuar mantendo contato e trocando experiências! Estou pensando também em montar um blog. Primeiro já estou pensando em um projeto voltado para os alunos e seus familiares referente ao processo de ensino e aprendizagem...leitura, escrita, interpretação, produção textual, raciocínio lógico matemático... Através de atividades diferenciadas!!!
ResponderExcluirPeço para enviar os comentários no meu e-mail pessoal:
ResponderExcluirranuzia1007@gmail.com o outro é institucional.
Desde já agradeço a atenção!
Boa noite, Ranuzia!
ResponderExcluirQue bom que gostou! O blog está parado há tempos, mas eu tenho muita vontade de reativá-lo. Mas estão aí algumas experiências que tive. Crie um blog sim! É uma forma de pensar sobre o que se faz, uma maneira de registro, além de compartilhar experiências.
Um abraço!