quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Sylvia Orthof? Que sorte! Parte2

Em 2014, com minha turma de primeiro ano, fizemos um estudo sobre a escritora Sylvia Orthof. Eu escrevi um post sobre a primeira etapa aqui no blog, mas acabei não contando como foi a segunda etapa desse trabalho. Foi tão interessante e tão bonito que eu gostaria de compartilhar, mesmo já tendo passado algum tempo.

No segundo semestre os alunos já estavam muito entusiasmados com a leitura de vários livros e conhecendo as características da escritora. Conversamos sobre a maravilha que estava sendo esse encontro com a literatura. Durante a conversa, falamos sobre as histórias e os personagens que tinham gostado e que não se esqueceriam. Então, veio a proposta de reescrevermos algumas dessas histórias (as que mais tinham gostado), em forma de uma coletânea. A ideia foi muito bem aceita por todos e também seria uma forma de escrita de textos com função social e os alunos teriam que revisa-los e estudar a gramática e a ortografia com objetivo concreto.



A escolha dos livros foi feita pelos alunos. Como alguns dos livros foram lidos no início do primeiro semestre, nem sempre lembravam detalhes do enredo, o que não foi um problema: voltávamos ao livro para relembrar partes da história, nomes de alguns personagens e até mesmo para tirarmos dúvidas quando havia alguns impasses levantados pelas crianças. 

Após a escrita do texto seguíamos para a revisão: troca de palavras muito repetidas, organização dos temas em parágrafos (a história ajudava muito nesse quesito), retirada de marcas de oralidade (aí, daí, tipo...), pontuação. reorganização do texto quando líamos e sentíamos que estava confuso. 

Levamos seis meses para a reescrita e revisão de 12 textos na sala de aula. Com a Bruna na Casa de Leitura foram mais 3. Foi um trabalho intenso. Além das nossas revisões, ainda pedíamos a Lília que é professora de Língua Portuguesa para fazer uma revisão final, pois como a coletânea iria ser lida por familiares e amigos, mostrei a eles a necessidade de estar tudo bem certinho. 



Ao longo do trabalho fui percebendo que alguns personagens ficavam mais marcados que outros. A Fada Fofa era a mais amada! Além disso, ela aparecia em vários livros. Resolvemos criar uma almofada da Fada Fofa para levarem para casa. Cada um desenhou sua própria Fofa. Para esse trabalho foi utilizado pano cru, caneta de tecido e giz de cera.





Como houve também o interesse por outros personagens, cada criança escolheu um personagem para retratar. Como alguns eram difíceis para desenhar usando tinta, resolvemos utilizar lápis para o desenho e caneta de tecido para pintar o personagem. O fundo da tela foi pintado com guache. 




A minha preocupação maior era que os pais dessem importância para o trabalho de reescrita das histórias. Eu pensei, de início, que as crianças lessem as histórias durante a exposição dos trabalhos. Entretanto, eu queria algo impactante! Algo que mostrasse claramente o trabalho realizado pelas crianças. 

Sendo assim, veio a última fase do projeto: as ilustrações! Tive uma ideia (Perigo): Reuni todas as histórias que já estavam digitadas para a coletânea e levei para ampliá-las a metro. Ficaram cartazes bem grandes com espaços para ilustrações. Em sala de aula, fizemos um combinado: quem caprichasse no desenho da sua coletânea faria o mesmo desenho em tamanho grande no cartaz. Foi uma motivação para as crianças. Os cartazes deram vida à sala de aula e chamaram a atenção das pessoas para o trabalho que realizamos (como eu queria). No dia da exposição, algumas crianças leram algumas histórias para os convidados. 





 



No mesmo dia da exposição, fizemos uma apresentação de sombras baseado no livro "Ervilina e o Princês ou Deu a louca em Ervilina". Esse trabalho foi realizado em conjunto pela turma, Casa de Leitura (Bruna) e Artes (Monique). 

As crianças estavam muito bem ensaiadas e muito entusiasmadas. Todos os alunos da escola, pais e parentes assistiram ao teatro. Foi um sucesso!



 Espero que tenham gostado.  Bem atrasadinho, mas vale a pena pela beleza que foi!

VEJA A COLETÂNEA COMPLETA:

COLETÂNEA COMPLETA



Ana Antunes





quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Quando o que se aprende ultrapassa os muros da escola

No início do projeto que tratava sobre a Ópera, em agosto de 2015, Yago era uma das crianças mais animadas e empenhadas. As crianças nem sabiam ainda do que se tratava o projeto, mas já estavam participando de atividades para conhecer a China, palco da nossa Ópera Turandot. Uma dessas atividades, foi um "caça ao tesouro", já relatado aquiO tesouro era uma cerejeira que há em frente ao portão da nossa escola. Até aí tudo bem. Todos gostaram muito e aprenderam um pouco mais sobre esse vegetal por meio de textos informativos e explorando a própria árvore. 

Dias depois, Ana Paula, mãe do Yago, veio conversar comigo e disse que estava muito feliz ao ver o entusiasmo do filho em casa. Relatou que ele estava muito empenhado em descobrir os enigmas que estávamos propondo em sala de aula. Ela também contou uma história que me deixou feliz em perceber como a escola pode, através de atividades motivadoras, envolver verdadeiramente as crianças.

Yago foi, como companhia, em uma floricultura com sua mãe e irmão mais velho. Ao chegar, Yago explora o ambiente e pergunta ao vendedor: 

"Tem aquela árvore que é simbolo da beleza e do amor?"

Todos se entreolham e ficam sem ação. Então Yago diz: "A cerejeira! Ela é uma árvore de origem asiática e simboliza a beleza e o amor."

O vendedor diz: "Ah, cerejeira, temos essas duas aqui." 

Yago fica entusiasmado e pergunta pra mãe: "Qual delas você vai levar?" 

A mãe responde: "No momento, nenhuma!"

Yago fica desconcertado e diz pra mãe: "Essa é uma árvore muito bonita. Como não podemos ter uma em casa! Eu estou aprendendo sobre ela na escola..."

A conversa se desenrola entre mãe e filho e todos ficam perplexos com os conhecimentos que a criança trazia como argumentos para a compra. Até que o filho mais velho diz: "Mãe, compra logo essa árvore!



Um professor nunca vai ter a consciência exata dos ecos do seu trabalho. Então, nos empenhemos sempre para que eles sejam sempre coloridos e positivos. 

Espero que o Yago, quando crescido, ao olhar para a árvore, sorria!

sábado, 23 de janeiro de 2016

Varal numérico

Eu gosto bastante do material do Pnaic de Matemática! Sou muito fã!!! E hoje, vou contar um pouco de uma experiência que vivi com minha turma de 2015 e que considero válida para muitas professoras, ainda mais agora no início do ano quando ficamos nos preocupando com a sala de aula que deve ficar bem "bonita" para a chegada dos alunos e precisa de algumas "funcionalidades"

O primeiro texto do Caderno de Apresentação é muito interessante e bastante didático para nós. Ele explica um pouco sobre algumas práticas de sala de aula, sobre o uso legítimo da matemática e principalmente sobre alguns materiais que utilizamos e que normalmente "acreditamos" que será útil para os alunos. 

Um desses materiais é o VARAL NUMÉRICO. É muito comum que professores passem suas férias produzindo materiais para a sala de aula. Para as classes iniciais, o varal numérico é muito importante. Então, sua preparação, pelo professor, é sempre "muito refletida". Cores, desenhos, tamanhos, tudo para agradar a criançada. Até que se lê o texto "A criança e a Matemática escolar". 

O texto nos mostra claramente que, se o varal é construído apenas pelo professor, ele se torna apenas um "adorno para a sala de aula". As crianças ficam intrigadas em saber o motivo da escolha de tais desenhos, observam cores e no visual, mas não se interessam pelo objetivo real daquele material que é a relação entre o numeral e a quantidade. 

Hum, quando li isso e fiquei pensando em quantas coisas fazemos simplesmente porque todo mundo sempre fez! E por que não um varal numérico? Claro que pode, mas de um jeito diferente, com a participação dos alunos e chamando atenção para o verdadeiro objetivo do varal. Além disso, sobra mais tempo para as férias merecidas. 

Então, tem um livro que eu A-DO-RO! Ele foi escrito pela Ana Maria Machado, ilustrado pelo Fernando Nunes e faz parte da Coleção Batutinha: "CAMILÃO, O COMILÃO". O livro conta a história de Camilo, um leitão muito gordo e preguiçoso que não gosta de trabalhar. Todos os dias, saía de sua casa com uma cesta vazia e ia pedindo aos animais que encontrava pelo caminho, algum alimento que tinham. Os amigos, davam, afinal, Camilão não fazia mal a ninguém, a não ser a si mesmo.... E  lá ia ele com 1 melancia, duas abóboras, 3 queijos... E os alimentos iam aumentando. O final é muito surpreendente: ele faz uma festa para os amigos que sempre lhe ajudavam.

Dá para enumerar inúmeras atividades a partir da história e o mais legal é que as crianças amam o aspecto repetitivo e acumulativo presentes no texto. Eu explorei a solidariedade, a leitura e a escrita através dos nomes dos animais e dos alimentos, a ordenação dos fatos e a sequência numérica para fazer um.... VARAL NUMÉRICO com as crianças. Pude perceber que as crianças compreenderam a função desse recurso, utilizavam-no durante as atividades propostas e ficaram felizes em ter na própria sala de aula um material confeccionado com a ajuda deles.

No caso do livro "Camilão, o comilão", selecionei imagens que correspondiam aos alimentos citados no livro com suas respectivas quantidades, os numerais e a escrita dos mesmos por extenso.


Depois da história bem explorada e conhecida, vamos a execução do varal numérico por meio do reconto oral feito pelos alunos. Conforme iam contando, algumas crianças eram convidadas a ir procurar e separar os materiais necessários que pertenciam àquele momento da história.




Depois que achavam, os próprios alunos colavam na folha de papel sulfite colorida.





Trabalho realizado! É o momento de deixá-lo na sala de aula por um tempo. Dá até para renová-lo ao longo do ano com numerais maiores, conforme as necessidades dos alunos e também utilizando outras histórias. 


Dá até para dar continuidade utilizando o mesmo livro...


E então, não precisa ficar ansioso em levar pronto um varal numérico. Procure apenas uma boa história e continue aproveitando suas férias!

Ana Antunes








quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Dia especial

Ao chegarmos na porta da sala de aula, expliquei aos alunos que teríamos uma caixa surpresa com uma regra diferente. A adivinha só poderia ser respondida pelos pais e não pelos alunos. Se os pais conseguissem descobrir a resposta, poderiam abrir a caixa.

Os pais ficaram surpresos, pois sempre há alguns que acompanham os filhos durante a entrada. Apesar de não participarem diretamente, sempre percebi o interesse dos mesmos pela movimento que as adivinhas vinham proporcionando.

Eles participaram com bastante empenho. Cristiano, pai do Yago, conseguiu responder corretamente e abriu a caixa. Todos as crianças estavam muito curiosas e ficaram muito felizes quando viram um pacote de yakisoba e o livro "Strega Nona", escrito e ilustrado por Tomie de Paola, da Coleção Crianças Criativas. Quiseram logo saber se faríamos macarrão e se o macarrão foi criado na China. Respondi que ao longo do dia eles conheceriam as respostas para essas perguntas.
















Apesar de um livro da "Nona", mostrei através de um texto da revista "Ciência hoje das crianças", que o macarrão é uma invenção chinesa, apresar de muitos considerarem que é italiana. Todos adoraram a história e quiseram desenhar.




No final da tarde recebemos a visita de uma cozinheira de "mão cheia", a Ilane. Ela preparou um delicioso yakisoba e os alunos comeram pra valer com o hashi.










A experiência foi muito boa e as crianças voltaram cheias de novidades para casa.

Ana Antunes




Bicho-da-seda

  

Outra caixa trouxe diferentes imagens, um mapa mundi e o livro de Marco Polo. Segundo Pedro, o animal de uma das imagens parecia “uma mariposa”. Os alunos foram convidados a observar atentamente as imagens e eles logo verificaram que as imagens correspondiam ao ciclo de vida daquele animal. O texto lido do livro foi “A rota da seda”. No texto há a explicação da lenda do surgimento da seda. Prontamente, eles compreenderam que aquele animal era o bicho-da-seda. Com a ajuda do mapa verificamos a rota.

Na aula de informática, passei um vídeo que achei sobre a produção de seda no Brasil. As crianças ficaram impressionadas como a confecção do tecido que é muito trabalhosa e feita a partir dos casulos de um animal.

A lenda conta que “... a fibra branca dos casulos foi descoberta quando  um casulo caiu dentro de uma xícara de chá que a mulher do imperador segurava. Quando foi pegá-lo, o casulo de desenrolou na sua mão e ela puxou o fio longo e forte.”







Marco Polo e suas histórias