sábado, 1 de março de 2014

Poesia é pra encantar

Meus alunos gostaram tanto do caracol do livro Superamigos que pediam para que eu lesse outras vezes. Cada vez que viam o caracol andando no carro construído pelos amigos, ficavam muito felizes. “Olha só a antena dele!! A velocidade é tão grande que as antenas estão pra trás!” Vamos explorar mais esse caracol!

Eu já sabia que no Arquivo Alfabético Poético havia uma poesia sobre caracol. Como as crianças ainda não conheciam esse material, resolvi aproveitá-lo de imediato. O Arquivo alfabético poético foi uma ideia pensada pela Lica Araújo. Ela me propôs que fizéssemos juntas e eu gostei tanto da proposta que logo começamos a trabalhar nele. Eu tinha medo porque logo de cara percebi que seria um trabalho grande, mas via todas as possibilidades que poderia trazer para uma sala de aula. Um trabalho em dupla sim, mas feito todo através de conversas e envios pela Internet, pois a Lica é de Salvador e eu de Petrópolis!

 

 




O Arquivo Alfabético Poético, como o nome já diz, é um arquivo de poesias. Essas poesias fazem parte de livros onde há uma poesia para cada letra. Nós pesquisamos e encontramos vários! Depois de “pronto”, encontramos vários outros livros! Coloquei pronto entre aspas porque desde o início já dizia que este seria um “buraco sem fundo”, pois sempre há de se encontrar um livro poético de A a Z! Bem, as poesias eram escaneadas e transformadas em fichas.  O arquivo pode ser separado de duas formas: pelas letras do alfabeto e pelos próprios livros, através de cores.  Por que fazer fichas, já que possuíamos os livros? Porque nada como ter um material onde os alunos podem manusear e explorar de diferentes formas! É fantástico! Difícil foi arrumar uma caixa para ele! Tentei uma de madeira, mas ficou muito apertada. Atualmente, utilizo uma caixa plástica mesmo, mas ainda penso em ter uma caixa arquivo mais adequada.  A Lica Araújo conta isso com muitos detalhes no seu blog. Não deixe de ler:

Aqui tem muitas fotos do Arquivo:

Voltando para a sala de aula...

 

As crianças ficaram impressionadas ao ver o arquivo. Expliquei pra turma que aquela caixa estava cheia de poesias! Quem gosta de poesias? Todos levantam as mãos. E pra que serve a poesia? Pra gente ficar encantado, disse Gabriel. Eu é que fiquei encantada com a resposta! Expliquei ao grupo que durante o ano leríamos muitas poesias e que hoje tentaríamos achar uma que tivesse relação com algum animal do livro Superamigos. Qual animal vocês gostaram? "Caracol!!!" Mostrei a ordem alfabética através das letras e retirei todas as fichas com a letra C. li para o grupo as poesias. Eles gostaram de uma que é composta de uma frase apenas, cuja maioria das palavras é escrita com a letra C. “ Caio caiu com a cara no chão.” Muito bom para uma atividade de ordenação de palavras e para a reflexão das diferenças sonoras representadas pela letraC.  Achamos a poesia do caracol. Ela foi escrita pelo José de Nicola e como podemos ver pela ficha cinza (mostrei a capa do livro), foi retirada do livro Alfabetário.

CARACOL

CARGA CURIOSA
CARREGA O CARACOL
PELOS CAMPOS,
DEBAIXO DE SOL,
COBERTO DE PÓ:
CARNE E CASA
NUM CORPO SÓ.


Durante o intervalo colei  todas as palavras da poesia no quadro.  Quando chegaram, disse que montaríamos a poesia a partir da leitura da ficha. Relembrei as crianças que o título da poesia era Caracol. Qual seria a palavra caracol? As crianças já haviam trabalhado com a palavra caracol no dia anterior e foi fácil achar, mas havia duas. Poderíamos usar qualquer uma? Leonardo, muito esperto, disse que tinha que ser a maior porque era o nome da poesia! Gabriel disse que era o título e eu confirmei. Colei o título e continuamos.







Li a primeira palavra da poesia: carga. Com que letra começa carga? Tem o mesmo som de caracol.  Letra C!  Então vamos ver o que temos com a letra C? Olhem que lista enorme de palavras que começam com a letra C. E agora?

Como termina carga? Com A! Selecionamos as palavras possíveis, mas ainda tínhamos CURIOSA CASA CARGA e CARREGA. Maria Cecília disse que CA é C com A; então, descartamos CURIOSA. Leonardo disse que a segunda não era porque estava escrito CASA. Perguntei como sabia e ele respondeu que já conhecia essa palavra. Outras crianças também confirmaram. 


Sobrou CARGA e CARREGA. Li CARGA nas duas palavras. Maria disse que na segunda tinha que falar muito devagar e que deveria então ser a primeira. Thierry disse que CARGA era a primeira porque quando se fala carga “não escuta a letra E”.

Quando as palavras começavam com a letra C, voltávamos para a lista de palavras e todos iam tentando “descobrir” qual era a palavra certa através de suas hipóteses que já demonstram sinais avançados a respeito da sonoridade e da própria formação silábica. Dessa forma, todas as outras palavras foram sendo descobertas através das hipóteses de letra inicial, como em PELOS, final, como em CAMPOS, no meio, como em CARREGA. SÓ= S + O e PÓ= P + O.




Quando as palavras da poesia acabaram, ainda sobraram três palavras. E essas aí? – perguntei. Leonardo disse que a do meio era José. “Eu sei que essa é José!” Li José e os outros concordaram. O que um nome de pessoa estaria fazendo ali? Gabriel logo decifrou: “É o nome do homem que inventou a poesia!” 


Então vamos descobrir o nome completo dele... JOSÉ... DE.... Thierry começou a ler silabando e bem baixinho, pra ele mesmo... NI-CO-LA.... NI-CO-LA. Diga, Thierry, o que você leu!  “NICOLA”. A poesia estava completa. Aproveitei para reler várias vezes com eles, pois já estavam decorando o texto por termos trabalhado com as palavras. Assim, era uma oportunidade para relacionar o oral (fala), e a escrita (texto).



Cada criança recebeu seu próprio texto. Identificamos algumas palavras nele. Fizemos a leitura e cada criança foi lendo apontando com o dedo o que lia. Todos quiseram ilustrar suas poesias. Depois cada criança fez seu caracol para o nosso cartaz.     


Foi uma atividade muito linda para as primeiras semanas de aula. Isso mostra que a capacidade das crianças é muito grande quando se acredita nelas. E isso acontece realmente na Educação Infantil da Creche Arco-Íris e na Escola de Educação Integral Padre Quinha, ambas  vinculadas ao Centro Educacional Santa Terezinha, através do trabalho das professoras Carla, Tamires, Ana Paula, Jaqueline, Tania, Marcela e Daiana. Parabéns pra vocês! O mérito é de todas nós que acreditamos no que fazemos e estudamos para que nosso trabalho seja sempre de qualidade. 

Em tempos de muitas discussões sobre a idade correta para se alfabetizar, acredito, que o trabalho começa cedo, bem cedo, quando, por exemplo,  uma mãe zelosa, lê uma história para seu filho. Quando os pais leem ou escrevem uma lista de compras, por exemplo.

Entretanto, é na escola, que as crianças são inseridas no processo de pensamento sobre o letramento, pois no mundo letrado já vivem desde que nascem, mas pensar sobre ele, para muitas, somente na escola. Essa vivência precisa começar na Educação Infantil porque a criança traz muitos conhecimentos para dentro da sala de aula, ela pensa, produz e é capaz. É garantindo isso que se permite que crianças cheguem ao primeiro ano com condições de participar ativamente, logo de início, de atividades como essas. É lendo e escrevendo que se aprende a ler e escrever!


Ana Antunes

2 comentários:

  1. Adorei essa atividade, foi diferenciada, criativa e houve a interação de todas as crianças.

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    1. Olá, Brasil Alfabetizado Assis!
      Não sei seu nome, mas agradeço sua visita!
      Que bom que gostou. Foi muito bom mesmo, assim como está descrito.
      Volte sempre!
      Um abraço,
      Ana

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