Meus alunos gostaram tanto
do caracol do livro Superamigos que pediam para que eu lesse outras vezes. Cada
vez que viam o caracol andando no carro construído pelos amigos, ficavam muito
felizes. “Olha só a antena dele!! A velocidade é tão grande que as antenas
estão pra trás!” Vamos explorar mais esse caracol!
Eu já sabia que no Arquivo
Alfabético Poético havia uma poesia sobre caracol. Como as crianças ainda não
conheciam esse material, resolvi aproveitá-lo de imediato. O Arquivo alfabético
poético foi uma ideia pensada pela Lica Araújo. Ela me propôs que fizéssemos
juntas e eu gostei tanto da proposta que logo começamos a trabalhar nele. Eu
tinha medo porque logo de cara percebi que seria um trabalho grande, mas via
todas as possibilidades que poderia trazer para uma sala de aula. Um trabalho
em dupla sim, mas feito todo através de conversas e envios pela Internet, pois
a Lica é de Salvador e eu de Petrópolis!
O Arquivo Alfabético
Poético, como o nome já diz, é um arquivo de poesias. Essas poesias fazem parte
de livros onde há uma poesia para cada letra. Nós pesquisamos e encontramos
vários! Depois de “pronto”, encontramos vários outros livros! Coloquei pronto
entre aspas porque desde o início já dizia que este seria um “buraco sem
fundo”, pois sempre há de se encontrar um livro poético de A a Z! Bem, as
poesias eram escaneadas e transformadas em fichas. O arquivo pode ser separado de duas formas:
pelas letras do alfabeto e pelos próprios livros, através de cores. Por que fazer fichas, já que possuíamos os
livros? Porque nada como ter um material onde os alunos podem manusear e
explorar de diferentes formas! É fantástico! Difícil foi arrumar uma caixa para
ele! Tentei uma de madeira, mas ficou muito apertada. Atualmente, utilizo uma
caixa plástica mesmo, mas ainda penso em ter uma caixa arquivo mais adequada. A Lica Araújo conta isso com muitos detalhes
no seu blog. Não deixe de ler:
Aqui tem muitas fotos do
Arquivo:
Voltando para a sala de
aula...
As crianças ficaram
impressionadas ao ver o arquivo. Expliquei pra turma que aquela caixa estava
cheia de poesias! Quem gosta de poesias? Todos levantam as mãos. E pra que
serve a poesia? Pra gente ficar encantado, disse Gabriel. Eu é que fiquei
encantada com a resposta! Expliquei ao grupo que durante o ano leríamos muitas
poesias e que hoje tentaríamos achar uma que tivesse relação com algum animal
do livro Superamigos. Qual animal vocês gostaram? "Caracol!!!" Mostrei a ordem alfabética através das letras e retirei todas as
fichas com a letra C. li para o grupo as poesias. Eles gostaram de uma que é
composta de uma frase apenas, cuja maioria das palavras é escrita com a letra
C. “ Caio caiu com a cara no chão.” Muito bom para uma atividade de ordenação
de palavras e para a reflexão das diferenças sonoras representadas pela letraC. Achamos a poesia do caracol. Ela
foi escrita pelo José de Nicola e como podemos ver pela ficha cinza (mostrei a
capa do livro), foi retirada do livro Alfabetário.
CARACOL
CARGA
CURIOSA
CARREGA
O CARACOL
PELOS
CAMPOS,
DEBAIXO
DE SOL,
COBERTO
DE PÓ:
CARNE
E CASA
NUM
CORPO SÓ.
Durante o intervalo
colei todas as palavras da poesia no
quadro. Quando
chegaram, disse que montaríamos a poesia a partir da leitura da ficha.
Relembrei as crianças que o título da poesia era Caracol. Qual seria a palavra
caracol? As crianças já haviam trabalhado com a palavra caracol no dia anterior
e foi fácil achar, mas havia duas. Poderíamos usar qualquer uma? Leonardo,
muito esperto, disse que tinha que ser a maior porque era o nome da poesia!
Gabriel disse que era o título e eu confirmei. Colei o título e continuamos.
Li a primeira palavra da poesia: carga. Com
que letra começa carga? Tem o mesmo som de caracol. Letra C!
Então vamos ver o que temos com a letra C? Olhem que lista enorme de
palavras que começam com a letra C. E agora?
Como termina carga? Com A! Selecionamos as
palavras possíveis, mas ainda tínhamos CURIOSA CASA CARGA e CARREGA. Maria
Cecília disse que CA é C com A; então, descartamos CURIOSA. Leonardo disse que
a segunda não era porque estava escrito CASA. Perguntei como sabia e ele
respondeu que já conhecia essa palavra. Outras crianças também confirmaram.
Sobrou CARGA e CARREGA. Li CARGA nas duas palavras. Maria disse que na segunda
tinha que falar muito devagar e que deveria então ser a primeira. Thierry disse
que CARGA era a primeira porque quando se fala carga “não escuta a letra E”.
Quando as palavras começavam com a letra C,
voltávamos para a lista de palavras e todos iam tentando “descobrir” qual era a
palavra certa através de suas hipóteses que já demonstram sinais avançados a
respeito da sonoridade e da própria formação silábica. Dessa forma, todas as
outras palavras foram sendo descobertas através das hipóteses de letra inicial,
como em PELOS, final, como em CAMPOS, no meio, como em CARREGA. SÓ= S + O e PÓ=
P + O.
Quando as palavras da poesia acabaram, ainda sobraram três palavras. E essas aí? – perguntei. Leonardo disse que a do meio era José. “Eu sei que essa é José!” Li José e os outros concordaram. O que um nome de pessoa estaria fazendo ali? Gabriel logo decifrou: “É o nome do homem que inventou a poesia!”
Então vamos descobrir o nome
completo dele... JOSÉ... DE.... Thierry começou a ler silabando e bem baixinho,
pra ele mesmo... NI-CO-LA.... NI-CO-LA. Diga, Thierry, o que você leu! “NICOLA”. A poesia estava completa.
Aproveitei para reler várias vezes com eles, pois já estavam decorando o texto
por termos trabalhado com as palavras. Assim, era uma oportunidade para
relacionar o oral (fala), e a escrita (texto).
Cada criança recebeu seu
próprio texto. Identificamos algumas palavras nele. Fizemos a leitura e cada
criança foi lendo apontando com o dedo o que lia. Todos quiseram ilustrar suas
poesias. Depois cada criança fez seu caracol para o nosso cartaz.
Foi uma atividade muito
linda para as primeiras semanas de aula. Isso mostra que a capacidade das
crianças é muito grande quando se acredita nelas. E isso acontece realmente na
Educação Infantil da Creche Arco-Íris e na Escola de Educação Integral Padre
Quinha, ambas vinculadas ao Centro
Educacional Santa Terezinha, através do trabalho das professoras Carla,
Tamires, Ana Paula, Jaqueline, Tania, Marcela e Daiana. Parabéns pra vocês! O
mérito é de todas nós que acreditamos no que fazemos e estudamos para que nosso
trabalho seja sempre de qualidade.
Em tempos de muitas
discussões sobre a idade correta para se alfabetizar, acredito, que o trabalho
começa cedo, bem cedo, quando, por exemplo,
uma mãe zelosa, lê uma história para seu filho. Quando os pais leem ou escrevem uma lista de compras, por exemplo.
Entretanto, é na escola, que
as crianças são inseridas no processo de pensamento sobre o letramento, pois no
mundo letrado já vivem desde que nascem, mas pensar sobre ele, para muitas,
somente na escola. Essa vivência precisa começar na Educação Infantil porque a
criança traz muitos conhecimentos para dentro da sala de aula, ela pensa,
produz e é capaz. É garantindo isso que se permite que crianças cheguem ao
primeiro ano com condições de participar ativamente, logo de início, de atividades como essas. É
lendo e escrevendo que se aprende a ler e escrever!
Ana Antunes
Adorei essa atividade, foi diferenciada, criativa e houve a interação de todas as crianças.
ResponderExcluirOlá, Brasil Alfabetizado Assis!
ExcluirNão sei seu nome, mas agradeço sua visita!
Que bom que gostou. Foi muito bom mesmo, assim como está descrito.
Volte sempre!
Um abraço,
Ana