sábado, 22 de março de 2014

Escrever pra não esquecer!



Com a intenção de criar um jogo de boliche com minha turma do primeiro ano, pedi, oralmente, que trouxessem garrafas para uma atividade. Achei muito estranho, pois ninguém perguntou o motivo do pedido.  Resolvi não intervir e ver no que isso ia dar.  

No dia seguinte, como eu havia previsto as crianças esqueceram as garrafas. Somente 3 crianças trouxeram. Que bom, pois encontramos um motivo para escrever um bilhete para as mães.

Ana: Quem trouxe as garrafas pet?
Somente Gabriel Ferreira, Emanuel e Larissa.

Ana: O que aconteceu?

Kethlen: A gente esqueceu!

Ana: Levante o braço quem esqueceu? Vamos contar? 1, 2,3.... 16! Quanta gente! Mas nós vamos precisar dessas garrafas. Como é que nós vamos fazer para vocês não esquecerem? Tem algum jeito?

Willian: Eu sei! É só escrever na caderneta.

Ana: É uma boa ideia! O que vamos escrever?

Heloísa: “Bota” na caderneta falando que tem que trazer uma garrafa pet. Tem que “botar” o nome da mãe!

Larissa: Tem que colocar o nome da garrafa.

Emanuel: Tem que colocar que é vazia.

Leo: Se não colocar que é vazia vai pensar que é uma festa.

Ana: Pois é, vocês têm razão. Vamos ter que explicar tudo direitinho para que a mãe entenda o que nós precisamos. Tá vendo, quando a gente escreve precisa explicar bem o que quer dizer para que a pessoa não entenda outra coisa. Não é somente com o desenho que isso pode acontecer, na escrita também.

Ana: Larissa, você disse que temos que colocar o nome da garrafa. O que quis dizer?

Larissa fez o tamanho com os braços e disse: Ela tem que saber se pode ser pequena ou grandona!

Emanuel: É menor para o maior?

Leonardo: Não! É o tamanho da garrafa! 

Ana: E como chama isso que nós vamos escreve para as mães?

Gabriel: Bilhete!!!

Heloisa: Carta é grande, bilhete é pequeno!

Emanuel: Não! Carta es-cre-ve muito e bilhete es-cre-ve pouco!

Ana: E quem sabe como vamos escrever o bilhete para a mãe?

Leonardo: Era uma vez...

Todos: Não!!!!

Heloísa: Era uma vez é da história!

Heloisa: Coloca a data de hoje.

Ana: Para que serve a data no bilhete?

Gabriel: Pra mãe saber que o bilhete é daquele dia.

Ana: E agora?

Gabriel: Mamãe ou o nome dela.  Estou mandando um bilhete.

Ana: Precisa escrever “Estou mandando um bilhete...”?

Willian: Não, ela já sabe. A caderneta leva os bilhetes.

Emanuel: O importante é o de baixo.

Ana: Como assim?

Emanuel: O  que vai escrever depois.

Ana: E o que vem depois?

Melissa: Por favor, preciso de uma garrafa pet.

Ryan completa: ... para uma atividade.

Emanuel: Obrigado.

Heloisa: Assinado, professora Ana

Pedro: É melhor cada um escrever o seu nome.

Ana: Eu concordo porque cada um vai escrever o seu. Vou ler o bilhete:

12/03/14
Mamãe,
Por favor, preciso de uma garrafa pet para uma atividade.

Pedro interrompe: A mãe vai achar que é de festa.

Emanuel: Tem que escrever vazia.

Ana: Onde fica a palavra vazia?

Leonardo: Depois de atividade.

Ana: Ok! Vou escrever e vou ler. Mamãe, Por favor, preciso de uma garrafa pet para uma atividade vazia.

Leo: Ih, não. Tem que ser perto da garrafa pet. Precisamos de uma garrafa pet vazia para uma atividade.

Ana: Mas lembra que a Larissa falou uma coisa importante. Do jeito que está a mãe ainda pode ter uma dúvida.

Willian: Escreve que é maior.

Emanuel: Grande e vazia.

Maria Luiza: É de 2 litros.

Pegamos uma das garrafas e todos viram que a garrafa grande que tínhamos na sala contém 2 litros.   

Maria Luiza: E coloca obrigada.

Ana: Isso mesmo! As meninas vão escrever obrigada e os meninos?

Todos: Obrigado.

Heloisa: Cada um vai ter que colocar o seu nome embaixo de tudo.

Ana: Vamos ler o bilhete? Como refletimos o tempo todo sobre o texto, todos já sabiam o bilhete de cor. Assim, fizemos a leitura:

12/03/14
Mamãe,
Por favor, preciso de uma garrafa pet vazia, de 2 litros, para uma atividade.
Obrigado,

Ana: Cada um deve anotar o bilhete com letra bem bonita. Sabem por quê?

Melissa: Pra mãe entender e pra ela gostar, né?

Cada criança trabalhou com muito empenho. Quando se tem uma motivação para escrever tudo fica mais fácil.

Os bilhetes foram colados nas cadernetas e todos ficaram muito satisfeitos com o trabalho. Eu mais ainda! Entretanto, continuaram sem saber qual seria o uso da garrafa!

Acredite, essa história vai render... muitas aprendizagens!



No dia seguinte, todas as crianças trouxeram garrafas! Foi ótimo! Na roda, falei sobre a importância do registro escrito. Mas aproveitei para “cutucar” o grupo.

Ana: Mas, afinal, pra quê servirá essa garrafa? Todos olharam espantados para mim!

Emanuel: Para uma atividade!

Ana: Qual?

Heloisa: Você não disse!

Ana: Ué, vocês não me perguntaram! E cadê a curiosidade? Tem que perguntar quando não se sabe. As mães perguntaram?
Segundo as crianças, algumas mães perguntaram, mas não sabiam responder.

Emanuel: O que vamos fazer com a garrafa?

Ana: Agora é suspense!

Todos: Ahhhh!!

Continua.... 

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